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Berta Nunes confia "numa vitória eleitoral clara" - Entrevista

Berta Nunes é médica, foi coordenadora da Sub-Região de Saúde de Bragança
e agora propõe-se dirigir os destinos do município de Alfândega da Fé. Todos lhe
reconhecem uma excepcional capacidade de trabalho e muitos até a acusam de ser
obstinada pelas causas que defende. Uma perseverança que a candidata diz que
vai colocar ao serviço do município e dos munícipes, garantindo que vai devolver a
saúde financeira à autarquia ao mesmo tempo que quer reforçar o investimento.



O que leva uma mulher com uma cómoda posição profissional, médica e actualmente Directora Executiva do ACES Nordeste (ex – sub região de saúde de Bragança), a enveredar pela conturbada e muitas vezes desconfortável vida política?
- Eu sempre considerei que a política era uma via eficaz para trabalhar para o bem comum. Eu tenho da vida uma visão solidária e penso que não podemos ser felizes sozinhos. Acredito que só poderemos ser felizes se trabalharmos para construir comunidades solidárias em que todos os que se esforçam possam ter a sua oportunidade de viver uma vida digna. Eu gosto de desafios, por isso me candidato!

Já se submeteu ao sufrágio popular há quatro anos e perdeu, o que a leva a concorrer pela segunda vez?
- A derrota que tive há quatro anos foi uma quase vitória, uma vez que perdi por apenas 57 votos e os alfandeguenses sabem as circunstâncias em que isso ocorreu, com graves problemas de abuso no voto acompanhado, em que algumas pessoas votaram por dezenas de idosos que estavam nos lares da Misericórdia e dos Cerejais. Essa quase vitória vai agora ter a sua expressão completa numa vitória eleitoral clara que esperamos venha a acontecer. Esperamos também que esses problemas de abuso do voto acompanhado não voltem a acontecer, nunca mais!

Há quem diga que anda nesta pré-campanha com “excesso de confiança”?
- Eu conheço os alfandeguenses e eles conhecem-me e sabemos todos que a hora da mudança chegou e que é necessário uma nova alternativa para o concelho. Eu não tenho excesso de confiança, eu confio nas pessoas que conheço e que me conhecem. No entanto, estamos a trabalhar duramente para ganhar estas eleições, porque sem trabalho e esforço nada se consegue.

Todos lhe reconhecem capacidade de trabalho e muitos a acusam de ser obstinada pelas causas que defende. Considera que essa perseverança é fundamental para dirigir o município ou pode ser um entrave ao nível do relacionamento institucional?
- Eu não diria obstinação mas sim persistência. A persistência é uma qualidade essencial para conseguirmos atingir os objectivos que nos propomos. Quem desiste à primeira dificuldade, nunca chega ao fim do caminho. No entanto, persistência não significa teimosia, porque temos de ser flexíveis e mudar de rumo se necessário, sem nunca esquecer onde queremos chegar.

Durante os últimos quatro anos foi muito contestatária em relação à gestão do actual Executivo. Como oposição deu o seu contributo para melhorar a gestão que contestou, ideias e sugestões, ou limitou-se à crítica?
- Como oposição contestamos mas apresentamos sempre a nossa perspectiva e as nossas propostas, definindo claramente a nossa posição e as nossas ideias. Ao contrário do candidato do PSD, Arsénio Pereira, vereador a tempo inteiro do actual executivo, que vem agora dizer que discordou da maior parte das decisões do presidente de Câmara do seu partido, mas sempre votou a favor de todas as suas propostas, nós durante estes quatro anos fizemos uma oposição por vezes dura, mas sempre coerente e consistente, defendendo claramente o nosso ponto de vista e as nossas propostas.
Se nos tivessem ouvido, muitos dos problemas com que nos debatemos actualmente não existiriam!

A Câmara de Alfândega da Fé, como é do conhecimento público, está numa situação financeira muito difícil, se for eleita como pensa resolver este problema e devolver saúde às finanças locais?
- Este executivo em oito anos (dois mandatos) desbaratou todo o esforço dos executivos anteriores do Partido Socialista, que tinham uma Câmara com uma óptima saúde financeira, apesar das muitas obras realizadas. Fruto de más decisões e não pela obra feita como pretendem alguns, o executivo laranja de que faz parte o meu adversário nestas eleições, levou-nos a uma situação de ruptura financeira, nunca antes sequer imaginada, sendo o único município do distrito nesta situação de extrema dificuldade. Mesmo agora em período de pré campanha eleitoral, quase em cima da campanha, estão a adjudicar obras e projectos tomando decisões que podem tornar ainda mais difícil a nossa situação no futuro.
Também não estão a acautelar a reposição do duodécimo de Dezembro que foi antecipado, o que pode trazer problemas graves no pagamento dos encargos obrigatórios incluindo as remunerações dos funcionários da autarquia.
Quando ganharmos as eleições, como esperamos, vamos em primeiro lugar pagar a quem se deve e reorganizar o funcionamento da Câmara e das empresas municipais de forma a aliviar o pesado encargo que estas representam nas finanças do município.
Numa Câmara Municipal pequena como a de Alfândega, as empresas municipais têm tido anualmente um prejuízo de cerca de quatrocentos mil euros cada. Face a este panorama pouco fica para investimento. Como consequência toda a obra que se faz tarda muito a ser paga, sendo o prazo de pagamento de mais de um ano em média no município de Alfândega.


O idílico projecto FunZone Village transformou-se no maior pesadelo do actual presidente, o PS sempre desconfiou mas, numa primeira fase, não contestou esse logro?
-Existiu uma primeira decisão na Assembleia Municipal em que os deputados municipais do PS deram um voto de confiança ao presidente da Câmara, para tomar as decisões que fossem mais acertadas nesta matéria. Infelizmente desde muito cedo começamos a verificar que esse voto de confiança não era merecido e que este projecto não tinha pernas para andar. Em sucessivas reuniões de Câmara e Assembleia Municipal e em variadas posições públicas do Partido Socialista, alertamos para os problemas que estávamos a prever e para os prejuízos que esta situação poderia trazer para o nosso concelho.
Infelizmente e mais uma vez nunca fomos ouvidos e todas as decisões tomadas nesta matéria tiveram mais uma vez o aval do actual candidato do PSD, que agora vem dizer que nunca concordou…
Esperamos que esta situação nos sirva a todos de lição, não só ao concelho mas a todo o distrito.

Tem projectos para rentabilizar os terrenos que o actual Executivo adquiriu?
-Há alguns privados interessados em investir no concelho aproveitando alguns destes terrenos e iremos analisar essas propostas e outras que apareçam. Uma parte destes terrenos, junto à Barragem da Estevinha, podem servir para a construção de um parque de Campismo e parque de lazer.
Os restantes terrenos poderão servir para instalar alguns dos projectos que já foram apresentados à Câmara Municipal ou outros que venham a ser apresentados, que iremos analisar e discutir de uma forma transparente.


A Estalagem, agora Hotel SPA, da AlfândegaTur, uma obra iniciada pelo PS que o PSD segurou e ampliou, com a criação do SPA, tem sido até agora um sorvedouro de dinheiros municipais. De que forma é possível tornar o empreendimento autosustentável?
-Actualmente a situação do Hotel SPA melhorou, com aumento da procura e uma boa taxa de ocupação do Hotel. A procura tem sido tanta que não tem havido capacidade de resposta, uma vez que o Hotel apenas tem 25 quartos.
Vamos analisar a situação e tomar as decisões que se afigurarem as melhores para tornar este empreendimento auto-sustentável e para que deixe de ser um peso nas finanças do município.

A EDAF, já disse publicamente que considera que foi uma boa ideia, mas tem contestado o seu funcionamento. O que está mal e como pretende tornar esta “boa ideia”, numa aposta ganha?
- No caso da EDEAF consideramos que não é vocação da autarquia gerir empresas como a Alfamel, Alfapak, Alfadoce e Queijaria que fazem actualmente parte da EDEAF. No caso da Alfamel pensamos que os produtores de mel devem tomar conta da empresa abrindo a possibilidade de todos os apicultores sem excepção, fazerem parte desta empresa, que é uma sociedade por quotas.
No caso da queijaria a cooperativa agrícola detém 49% do capital e a Câmara 51%. Vamos abrir a possibilidade de outros produtores de leite além da Cooperativa poderem deter uma parte do capital social, deixando a Câmara de ter qualquer participação na queijaria. O mesmo para a Alfadoce e Alfapack que passarão para as mãos de privados ou do sector cooperativo. A Câmara apenas ficará a apoiar a comercialização e certificação dos produtos como era a ideia inicial que nós aprovamos.
O investimento que ali foi feito pela autarquia ficará pois ao serviço dos agricultores, pastores e apicultores, não sendo a Câmara a gerir mas sim os directamente interessados.

Ao longo deste período de pré-campanha insiste na necessidade de apostar na agricultura. Acredita que esta é uma actividade que pode passar da simples agricultura de subsistência para se transformar num real e forte factor de criação de riqueza para o concelho?
-A actividade agrícola é ainda uma das principais actividades do concelho e tem por isso de ser apoiada e valorizada. É uma das actividades que cria mais riqueza e evita a pobreza e a fome no caso dos agricultores mais pobres que praticam agricultura de subsistência.
Pensamos que existe potencial para que a agricultura ligada a outras actividades complementares como as agro - indústrias e o turismo possam ainda produzir mais riqueza no nosso concelho e por isso também vamos apostar nesta área.
O regadio é um combate que vamos travar no sentido do alargamento das áreas regadas nomeadamente para o planalto de Vilar Chão Parada e outras áreas. Também é fundamental a reabilitação dos regadios mais antigos como é o caso da Estevinha.
Aproveito para anunciar que a Cooperativa agrícola está a candidatar a reabilitação deste regadio, existindo já um projecto para um regadio novo, que vai ser candidatado com o apoio da Direcção Regional da Agricultura do Norte e a Direcção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que já estiveram no terreno a avaliar a candidatura.

No sector empresarial, como é possível contrariar a realidade actual e conseguir atrair investimentos para o município e criar postos de trabalho?
- Nesta área vamos contar principalmente com a capacidade endógena e apoiar os investidores do concelho, estando sempre abertos a todas as propostas de investimentos externos. Há muitas pessoas com ideias e por vezes com algum dinheiro, que gostariam de investir ou estão à procura de oportunidades de negócio (aqui incluo os emigrantes que são investidores importantes na nossa região) Também há pessoas jovens e menos jovens que têm ideias interessantes mas não sabem como concretizá-las.
Uma das nossas medidas prioritárias será a criação de um gabinete de apoio ao emprego e ao empreendedorismo para facilitar o investimento no concelho. Pensamos que mais vale criar muitas pequenas e médias empresas que sejam promissoras e sustentáveis, que pensar em grandes investimentos externos, que supostamente nos iriam salvar e criar dezenas ou centenas de postos de trabalho. Esta foi a grande ilusão do executivo laranja e estamos a ver no que deu.

Sem emprego não há “subsídios” à fixação que consigam inverter a tendência de abandono dos meios rurais?
-Claro que a criação de emprego e riqueza será o meio mais eficaz para lutar contra a desertificação dos meios rurais, no entanto o poder central tem aqui também uma responsabilidade acrescida. Na minha opinião a luta contra a desertificação do interior deveria ser um desígnio nacional, pelas muitas implicações que tem a vários níveis.
Todas as medidas de politica deveriam ser analisadas desse ponto de vista e não deveriam passar, se contribuíssem para a desertificação do interior. Várias medidas de concentração de serviços e de suposta racionalização de custos, têm custos muito grandes, que não são contabilizados, sempre que contribuem para esse processo de desertificação.
Além do investimento necessário do poder central no interior, que de facto tem tido um incremento importante com o governo de José Sócrates, que em meu entender merece o voto dos Transmontanos, por ser o primeiro ministro que mais investiu em Trás – os – Montes, há medidas de política que devem ser revistas à luz desta problemática da desertificação do interior. Cabe aos deputados e aos autarcas trabalharem com esse objectivo.
Eu pessoalmente desde já me comprometo e trabalharei para que o problema da desertificação do interior passe a ter visibilidade nacional e para que sejam tomadas medidas eficazes e avaliadas nesta área.

A nível dos grandes investimentos infra-estruturais quais são os seus principais projectos?
-No que toca a investimentos em infra – estruturas, daremos seguimento ao que já está candidatado, após uma reavaliação dos projectos com introdução de eventuais alterações se possível e desejável.
O que está candidatado e será prioritário serão as estradas para Gebelim e para os Picões. Estas obras ainda não estão homologadas, nem existe dinheiro para as pagar, pelo que não entendemos bem, em que circunstâncias o empreiteiro, a quem foi entregue a obra da estrada de Gebelim, já está a trabalhar no terreno!
Consideramos da maior urgência a construção das piscinas cobertas e descobertas, a construção de um gimnodesportivo e do Parque de Campismo na Vila. Estes serão as prioridades, mas outras obras serão realizadas desde que a situação económica do município o permita.

O que mais promete aos munícipes?
-Eu não posso prometer muito, uma vez que a situação financeira da Câmara é o que nós sabemos e seria irrealista fazer muitas promessas. Comprometo-me a trabalhar para pôr as finanças em ordem e relançar o investimento, de forma a criar oportunidades de emprego e criar condições para as pessoas se fixarem no concelho.

Os municípios do interior sempre se queixaram da falta de acessibilidades condignas, apontadas como forte entrave ao desenvolvimento. Com a já adjudicada construção do IP 2 e do IC 5 a realidade do concelho de Alfândega da Fé vai mudar?
-Sim. Com estes investimentos do governo de José Sócrates, está finalmente cumprida a promessa de colocar o distrito de Bragança no mapa!
Em particular para o concelho de Alfândega, estes investimentos constituem uma oportunidade que temos de saber aproveitar. Desde logo pela criação de centenas de postos de trabalho durante os anos de realização da obra e depois pelas vantagens de uma melhor acessibilidade que todos conhecemos.
Vamos diminuir o nosso isolamento, vamos tornar – nos mais atractivos para o investimento interno e externo, vamos chegar mais depressa aos grandes meios e aos serviços importantes para todos os munícipes como hospitais, etc.
Vamos também melhorar a nossa posição em termos turísticos, uma vez que as acessibilidades são também importantes para os turistas que nos visitam. Enfim, um sem número de vantagens que vamos ter de aproveitar!

In: Jornal - A Voz (Semanário do Nordeste)


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